A
revolução tecnológica proporcionada pela Internet não se limitou às
comunicações, já que ela formatou um novo estilo de vida baseado no uso
das novas tecnologias. Assim, gostando ou não, aceitando ou não, todos
viraram usuários de Internet nas mais diferentes situações cotidianas,
independentemente da posse de computador ou do nível de inclusão
digital.
Telefone
Diante
do aparelho fixo, os adolescentes tem receio de operar este equipamento
misterioso posicionado em cima da cômoda, mais ainda, as pessoas tem
abandonando em massa tal símbolo comunicacional que imperou durante todo
o século XX e trocado pela portabilidade e conforto dos telemóveis.
Disco
Não
há como negar, todas as mídias físicas estão definitivamente mortas. O
que temos aí são zumbis tecnológicos se movendo em meio à borrasca
provocada pelo streaming e as memórias Flash.
TV
Assisto
cada vez mais pessoas inteligentes se despedindo das dezenas de canais
imprestáveis da TV aberta e das centenas por assinatura. Depois que a
Internet entrou nas nossas vidas, descobrimos o tempo inútil que
dispendemos assistindo programação de lixo entupida de propagandas
indesejáveis.
Cinema
Perdi
noção da última vez que fui ao cinema enfrentar perrengues do tipo:
estacionamento, imagem escura e fora de foco, segurança precária,
conforto espartano, um sujeito atrás praticando spoiler, etc. Ainda bem
que inventaram os projetores e os Torrents do PirateBay! (A bem da
verdade, a maioria dos filmes da minha cinemateca são DVDs originais).
Conceito de amigo
Se
a Internet não acabou com a amizade, diluiu o conceito de amigo. Hoje,
qualquer um pode ter milhares de amigos no Orkut, Twitter, Facebook,
Myspace, Hi5... mas os amigos do peito continuam sendo contados nos
dedos da mão. A Internet talvez tenha aprofundado o abismo entre as
pessoas, que se no chat tem milhares de coisas para dizer, no
cara-a-cara se embasbacam e emudecem. No momento em que você vê
cruamente as espinhas no nariz do amigo e lhe sente o mau hálito, o
arroubo afetivo presencial perde o sentido.
Revista de sacanagem
Foi-se
o tempo em que a procura de sexo contemplativo somente era possível
indo furtivamente à banca de revista e pedindo em voz baixa ao vendedor
as últimas novidades da lascívia eslava. Então, você comprava junto uma
revista “séria” para não dar na vista e saia de fininho para o aconchego
do seu lar.
Computador
A
noção de computador como dispositivo de processamento local está
definitivamente perdida. Com a banalização do uso da nuvem, os seus
dados não estão mais numa determinada máquina e sim na “Internet”, em
servidores indeterminados espalhados pelo planeta. Então, numa involução
espantosa, o computador voltou a ser, como nos velhos tempos, apenas um
terminal de entrada e saída.
Publicações em papel
O
Jornal do Brasil está abandonando o papel e junto com ele diversas
publicações estão migrando para o meio 100% digital. Há anos que não sei
o que é comprar tal mídia, mesmo porque a minha casa não tem espaço
para armazenar o lixo acumulado. Como não tenho pendores artísticos para
criar esculturas pós-modernas de entulho, abstenho-me de acumulá-lo. É o
que sempre digo para os atendentes de telemarketing que insistem em me
azucrinar com ofertas de assinaturas de periódicos, via o quê? Telefone,
naturalmente, esta outra peça paleolítica em extinção.
Biblioteca
Há quanto tempo você não vai a uma biblioteca? Estes espaços se configuram cada vez mais em retratos de uma era.
Escola
A
escola que aí está, cumpre muito mais um papel de instituição
assistencialista de fornecimento de alimentos para crianças carentes, do
que de reprodutora do conhecimento. Infelizmente, o conhecimento
extra-muros escolares disseminado pela Internet não se amalgama aos
moldes da velha escolástica, fundamentada em carteira, quadro-negro, giz
e saliva. Tanto a escola está morta, que a segunda greve mais inócua
deste país, depois da dos aposentados, é a dos professores, pois ninguém
mais precisa de uma escola que não fala a linguagem do Google.
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